O povo de Deus vivia sob um regime teocrático, cuja
liderança e poder estavam tão somente em Yavé. Porém, chega um momento em que o
profeta Samuel, sendo já velho, constitui a seus filhos Joel e Abias como
juízes em Israel. Estes, não permanecendo fiéis e retos em seu ministério, dão
a deixa para que o povo peça um rei.
Samuel consulta a Deus, que atende o clamor de Israel. Ele
revela ao profeta a figura do benjamita Saul, filho de Quis, homem de bens (I
Sm 9:1). Saul era de belíssima aparência, tinha todo um perfil de monarca:
"... e tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro homem mais
belo do que ele; desde os ombros para cima sobressaía a todo o povo."
(v.2).
Saul logo é ungido rei de Israel, e tudo indicava que o moço
teria um reinado promissor. Entretanto, o jovem rei entra por um caminho de
desobediência perante Deus. Em I Sm 13:8 narra-se que Saul se precipitou ao
oferecer holocausto ao Senhor, sendo que essa ação só cabia ao sacerdote. Não
bastasse esse erro, Saul também não faz a vontade de Deus acerca dos
amalequitas, logo é rejeitado como rei (leia I Sm 15).
Podemos então nos perguntar - e agora? Israel ficaria sem
rei? A resposta é simples: Deus promete, Deus cumpre. Havia um jovem em Belém,
pastoreando ovelhas, por nome de Davi. O Senhor manda que Samuel vá de encontro
à Jessé, pai daquele jovem e de mais sete filhos. O notável é que os "sete" estavam em
casa quando o profeta chegou, menos Davi. Deus poderia ter mandado Samuel
direto para o lugar onde o moço estaria.
Porém os planos de Deus confundem os nossos, e são
PERFEITOS. Os irmãos de Davi, provavelmente homens viris, cheios de
"pompa", por um pequeno instante enganaram o olhar humano e falho do
velho profeta. Mas Deus, que vê o coração, já havia escolhido a Davi, o que
estava apascentando ovelhas, só lembrado no último - e oportuno - momento.
Jessé manda chamar o seu filho caçula. Samuel diz que
ninguém sentaria à mesa até que ele chegasse. Podemos imaginar a surpresa do
profeta ao se deparar com aquele menino e Deus a lhe dizer: É este quem Eu
escolhi. E que maior surpresa não teve o pai e os irmãos do jovem Davi, pois
jamais pensariam que o pastor iria se tornar rei. Seus irmãos talvez dissessem consigo: Se nós
não somos os escolhidos, muito menos Davi, que é um simples e jovem pastor. Mas
ali, no meio deles, Davi é ungido (v.13). Deus honrou Seu escolhido dentro de
sua casa. Isso nos remete ao Salmo 23:5, em que se lê: "Preparas uma mesa
perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu
cálice transborda."
Saul e Davi eram pessoa de aparências distintas. Porém, mais
essencial que a aparência, estava a retidão perante Deus. Saul era um jovem
abastado, cuja beleza era invejável. Davi era um pastor, cujo perfil não se
adequava ao de um rei. A diferença essencial é que ele era segundo o coração de
Deus. Por isso, Deus o exaltou.
O foco aqui não é a riqueza de Saul e a simplicidade de
Davi. O ponto principal é a obediência e perseverança em fazer a vontade do
Todo Poderoso. Saul foi ungido, honrado por Deus, mas não valorizou o que Ele
havia lhe entregado. Desobedeceu e prosseguiu em andar errante, sendo rejeitado
pelo Senhor. Não adianta ser ungido: tem que andar retamente na presença do
Pai. Saul jamais poderia se gabar por ser rei, nem considerar-se superior pelo
seu título. Deus não poupa a ninguém da disciplina. Se Saul não é fiel, Deus
sempre prepara um Davi para fazer Sua vontade.
O plano de Deus não vai jamais ser frustrado por aqueles que
neglicenciam o Seu chamado. O Senhor provê, o Senhor prepara servos com coração
sincero e compromisso com Sua palavra. Aleluia!
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